segunda-feira, 30 de junho de 2014

A curva do rio

Foto: josé alfredo almeida



"Após o deslumbramento que sempre nos causa a vista do rio, com a sua voluptuosa curva, a miragem das colinas de além, a cúpula do céu encastoada em montanha...."


João de Araújo Correia

Velhos sotãos

Foto: josé alfredo almeida

Ver passar o tempo
e ver que não passa
a não ser cá dentro
Ver pela vidraça
o que do tempo que lá fora passa
e o que de cá dentro teima
...em ficar
Confusa mas limpa a imagem
do tempo
e de mim


Dúlia Soares

Ler João de Araújo Correia-15





                      In "Perfil Literário de João de Araújo Correia" de Cruz Malpique

Ida e volta





Aqui, Douro. O paraíso
Do vinho e suor
Dum rio, no Verão ossudo e magro,
Como as pessoas,
Quando as águas se recolhem às sombras
Cortadas apenas pelos assobios dos barqueiros

António Cabral

Pinhão


Foto: josé alfredo almeida


Lá em baixo, na curva do rio,
vazadouro e fornalha, está o Pinhão.

Belo", Belo! - dirá o turista
E o burocrata: progressivo

Mas o Pinhão não é nada disso,
é mais do que isso, não é nada

do que mostram os documentários de cinema
ou qualquer "Life" comercial.

Pinhão!, capital do suor, os teus caminhos
são pedaços de sangue coagulado.


António Cabral

Únicas

Foto: Miguel Guedes

domingo, 29 de junho de 2014

(Re)Conhecer a Régua-124


Navegar as emoções

Foto: josé alfredo Almeida

Navegar no presente

Foto: josé alfredo almeida

Navegar na memória

Foto: josé alfredo almeida

Navegar no passado


Memória do Rio




Memória do Rio

Autores: Gaspar Martins Pereira e Amândio Morais Barros
Edições Afrontamento, 2000





"O Douro é hoje navegável da sua foz até Espanha por embarcações de grandes embarcações. A Via Navegável foi inaugurada em 1990 e desde então o tráfego fluvial tem vindo a crescer de forma acentuada.
(...)
Contudo, a navegação no Douro existiu desde sempre.
As dificuldades resultantes dos caudais excessivos e turbulentos ou das faltas de caudal, dos fortes declives, das rochas salientes, das curvas apertadas e dos seus cachões não impediram que este rio fosse até finais do século passado o único meio de comunicação das regiões por onde passava.
A actual via navegável herdou um valioso património histórico, semeado pela bravura de um povo que dominou o rio, e do próprio rio, que soube sevir esse povo."

Eng. Mário Fernandes  



"Escrita a duas mãos, este livro não pretende ser mais do que o fluir de notas evocativas do passado antigo e recente do rio Douro, da longa história da navegação nas suas águas. Deixámos correr o texto, sem preocupações de relato exaustivo, nem sequer de unidade, talvez influenciados pela memória do rio, ora em saltos rápidos, com breves referências, ora demorando em informações abundantes, como quem folheia um álbum antigo e se perde nos pormenores das imagens.
De certa maneira, esta é também uma viagem pelo Douro. E quem conhece este rio e o seu vale imaginará a imensidão de histórias que havia para contar, recantos a descobrir ou a revisitar. Pouco, muito a pouco, da vida inteira de um rio cabe nas páginas de um livro. Da viagem, como em qualquer viagem, fica apenas a sensação da impossibilidade de ver tudo.  E a vontade de navegar de novos nessas águas - Duero, Doiro, o Douro - entre Miranda e a Foz."


Gaspar Martins Pereira e Amândio Morais Barros

sábado, 28 de junho de 2014

Águas serenas

Foto: josé alfredo almeida

Ver o Douro

Foto: josé alfredo almeida

Os livros de João de Araújo Correia-17






Palavras Fora da Boca
(Miscelânea Oratória)


Autor: João de Araújo Correia
Edição: Imprensa do Douro- Régua, 1972 



"Dá-se o caso de eu ser avesso a qualquer espécie de exibição. Sair de casa para ler um conto, fazer um discurso ou responder a perguntas, nos chamados colóquios literários, é para mim um suplício.
O meu relógio é viver obscuro - não sair de casa ou sair de casa disfarçado. Gosto de passear, gosto de viajar, mas, de modo que ninguém me conheça. Quando alguém me atraiçoa, apontando-me a dedo como homem de letras, tenho saudades do meu eremitério. Tenho pena de não poder sumir-me num buraco para me furtar a olhos curiosos, alvissareiros, sagazes como terão sido os de Sherlock Homes.
O homem de letras que passeia ou viaja é um urso fora da jaula. Ainda que não leve ao pescoço nenhum sinal de prisão, pêlo rapado ou coisa que o valha, toda a gente o denuncia como bicho à solta. Mas, ninguém lhe mete medo. Toda a gente se atreve a puxar-lhe uma orelha ou a afagar-lhe o focinho.
Sou como aqui me represento. Mas, nem sempre me é fácil ser quem sou. Frade nascido para o cenóbio, ainda que isolado entre a multidão, aí me descobrem amigos prepotentes, que me obrigam a mudar de pele. Escoiriçam-me como escritor para  fazer de mim outra realidade. Os mais inocentes vestem-me à força a alba de orador.
Como hei-de negar-me, se eles são preparados? Basta serem amigos para abusar de mim. Deixo-me vestir de ponto em branco, barbear-me bem barbeado, e aparecer num palco a discursar.
Vingo-me de mim próprio, do meu acanhamento, lendo num papel as orações escritas com o maior cuidado. O receio de asnear, improvisando, força-me a esse freio. Mas, verdade, verdade, já me custou mais improvisar. Já me tenho surpreendido a falar de bico ou di bico, na frase brasileira, sem me envergonhar de asneiras proferidas. Habituei-me, que tudo vai do hábito, a esse modo de falar. E até lhe vou tomando o gosto...
Lidos ou falados, cabem neste livro os meus discursos inéditos ou livres de peias editoriais. Nele cabem também respostas que tenho dado, quer por escrito, quer de viva voz, a que me pergunta quantos anos tenho e o que penso disto ou daquilo. Se nenhum dos textos, aqui apresentados, perdeu o tom oral, creio que todos cabem em miscelânea oratória."

João de Araújo Correia

Ler João de Araújo Correia-14





                       In "Perfil Literário de João de Araújo Correia" de Cruz Malpique

(Re)Conhecer a Régua-123



Vista Douro

Foto: josé alfredo almeida

Destino Douro

Foto: josé alfredo almeida

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ler João de Araújo Correia-13




                    João de Araújo Correia in "O Mestre de Nós Todos-Antologia de  João de Araújo Correia" 

Acreditar na eternidade

Foto: josé alfredo almeida


"...esse é um dos efeitos do tempo, apagar."

José Saramago

Somos instantes

Foto: josé alfredo almeida



"A vida é o que permanece, apesar de tudo: a vida embaciada, minúscula, imprecisa e preciosa como nenhuma outra coisa. A sabedoria é a vida mesma: o real do viver, a existência não como trégua, mas como pacto, conhecido e aceite na sua fascinante e dolorosa totalidade. Não se trata apenas de viver o instante, tarefa inútil, pois a vida é duração. Aquilo que nos é dado dura, e nós dentro dele, com ele, por ele. Não é a flor do instante que nos perfuma, mas o presente eterno do que dura e passa, do que dura e não passa. E quando é que chega a hora da felicidade?, perguntamo-nos. Chega nesses momentos de graça em que não esperamos nada. Como ensina o magnífico dito de Angelus Silesius, o místico alemão do século XVII : "A rosa é sem porquê, floresce por florescer / Não se preocupa consigo, não pretende nada ser vista."



 José Tolentino de Mendonça

Manhã infinita

Foto: josé alfredo almeida



De tanto te imaginar, de olhos fechados,
sei lá se te perdi!
E se esta sombra com quem voo nos telhados
és tu em vez de ti.

Só sei que quando vieres, real,
a cheirar a pele e a punhal,
com entranhas e caveira...

...terei de coser a tua sombra à minha,
atar o rio à Nuvem da tardinha,
a labareda ao fumo da fogueira.


José Gomes Ferreira

(Re)Conhecer a Régua-121


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Ler João de Araújo Correia-12






                               João de Araújo Correia in "Caminho de Consortes"

Vou à janela

Foto: josé alfredo almeida



Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. 

Álvaro de Campos

A última curva

Foto: josé alfredo almeida


Hei-de evitar
as análises, sossegar
a torrente dos sentidos
que apagam o coração.

Deixar molhadas
no campo as palavras
como um ramo de mansas
cicatrizes.

E dar
à pesada alegria da esperança
o tímido sorriso
de quem recebe a graça
mas não a dádiva.

José Carlos Soares

terça-feira, 24 de junho de 2014

Encontrar o nosso destino




"Os falhanços da nossa vidas são a vida"

Shakespeare



"Mãe de um só filho, a sua vida, que foi de uma tristeza, amargura e terrível solidão, dava um livro. Escrevi-lho eu. E a sua morte quebra o último elo carnal que me ligava à terra onde nasci. Felizmente são ainda muitos os laços que a ela me prendem."


Rentes de Carvalho


PS- Um romance fantástico - obrigatório ler ou reler - que é mais que autobiográfico ou de memórias de família que se desenrola na vida  de alguém com uma  enorme pressa de encontrar o seu destino ( e, talvez, o nosso colectivo) e  que se desenha  num cenário geográfico e sentimental de lugares esquecidos do nosso Trás-os-Montes, dos anos de 1930 a 1950. 

Pescar a Eternidade

Foto: josé alfredo almeida



                     Eu pescador de cana e de caneta
                     que busco o peixe o verso o número revelador
                     e tantas vezes sou o último do planeta
                     de pé a perguntar. Eu pescador.

                     Eu pecador que nunca me confesso
                     senão pescando o que se vê e não se vê
                     e mais que peixe quero aquele verso
                     que me responda ao quando ao quem ao quê.

                    Eu pescador que trago em mim as tábuas
                    da lua e das marés e o último rumor
                    de um nome que alguém escreve sobre as águas
                    e nunca se repete. Eu pescador.

                            Manuel Alegre

Os livros de João de Araújo Correia-16






Enfermaria do Idioma
(Crónicas)


Autor: João de Araújo Correia
Edição: Imprensa do Douro, 1971




"Em edição da Imprensa do Douro acaba de vir a lume o último livro de João de Araújo Correia.
Trata-se da compilação de um série de crónicas que em 1955 o autor começo a escrever para a "Revista do Norte" e mais tarde haveria de continuar no boletim dos Bombeiros Voluntários da Régua. A secção era assinada pelo pseudónimo do autor, Constâncio de Carvalho.
Nestas crónicas, com o profundo conhecimento da língua pátria que possui, João de Araújo Correia falava dos problemas, dúvidas e casos da língua, ensinando, aconselhando, acusando, em suma, lutando pela dignificação e pureza do idioma.
Recolhidas em volume essas crónicas ganham a dimensão da unidade estilística e narrativa do autor. De facto, à prosa tersa, a certeza e segurança das afirmações alia-se o estilo de João de Araújo Correia (sic) que de cada crónica faz uma pequena obra prima. Escritas em linguagem acessível, às vezes polémica, quase sempre envolventes as crónicas incluídas em "Enfermaria do Idioma" lêem-se com um agrado crescido pois além do rigor científico há a capacidade romanesca do autor a dar-lhes originalidade e atractivo.
Obra de invulgar interesse pedagógico e também de grande encanto literário, "Enfermaria do Idioma" é afinal a reafirmação do talento de    João de Araújo Correia - um dos grandes escritores da actualidade."

"República", de 18 de Junho de 1971 

Ponte museu-3



(Re)Conhecer a Régua-120


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Solstício

Foto: josé alfredo almeida

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

Manuel Bandeira

Ler João de Araújo Correia-11




                       João de Araújo Correia in "Lira Familiar"

Ser Bombeiro

Corpo de Bombeiros  Voluntários do Peso da Régua - 28 de Novembro de 1880


Ser bombeiro. Eis o sonho de qualquer rapaz, pelo menos do tempo dos meus verdes anos. Guiar camiões também não era desejo ausente nas nossas cabeças de imaginação sem limites e de vidas imaginadas como eternas, mas ser bombeiro é que era.    
O aperalto das fardas e o reluzir dos capacetes eram de todo o encanto. Mas o toque da sirene, o rodopio aflito dos homens que impulsivamente obedeciam ao seu som e o estridente arranque dos carros em direcção à adivinhada tragédia faziam brotar a certeza absoluta de que um dia podiam contar connosco.
Ir-se para bombeiro era, ao fim de contas, concretizar-se em adulto algo que em criança se desejou. Bastava que, com o devir os anos, a flor do querer nascida na imaginação não fenecesse por falta de alimento, ou porque outros anseios lhe ocuparam entretanto o lugar.
Do conjunto destes sonhos e destas capacidades de imaginação, entrelaçados com a vontade de servir quem a dado momento mais necessita, nasceram as associações humanitárias destinadas ao valor supremo da solidariedade, inequivocamente o sentimento que diferencia os homens dos restantes seres vivos deste nosso planeta azul.

Foi o caso da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Peso da Régua, em boa hora surgida no já longínquo dia 28 de Novembro de 1880. Era então a vila, seu berço, uma das mais luzidias de todo o interior de Portugal, mercê das suas potencialidades naturais e do labor dos seus habitantes, homens de visão e de forte empenhamento empresarial e cívico.   
Foi, sem sombra de dúvida, um acontecimento marcante na vida de todos nós, quer na dos que nos antecederam, quer na dos que nos seguirão num tempo que não viveremos, mas que nos compete garantir.
Não testemunhei em presença, como é óbvio, os momentos do nascimento da corporação dos bombeiros da Régua. No entanto, quase consigo imaginar as horas, os dias, e os meses em que se pensou e se preparou tão feliz acontecimento. Tive o gosto e o privilégio de rebuscar documentos que singelamente organizei de forma a lhe dar alinhamento em livro, e bem sei das canseiras que então se viveram. Nada me custa pois, então, garantir a justiça de qualquer homenagem feita ou a fazer, mais não seja pelo exemplo de todos os que, ao longo de décadas, dispensaram tempo e canseiras a tão insigne obra.
Graças a eles, na segunda metade da centúria de mil e oitocentos, a vila do Peso da Régua ficou dotada de forma pioneira com um corpo activo de bombeiros abnegados, briosos e altruístas.
A comunidade agradeceu-lhes e soube, podemos hoje testemunhar, louvá-los com a renovação humana de um conjunto de elementos que em tempo algum se negou ao auxílio e à acção em prol dos outros, sempre com sacrifício e por vezes até com a própria vida. Até hoje, os exemplos de antes servem de suporte e de molde orientador aos que agem e servem recebendo em troca muito pouco ou nada, garantindo, no presente, um futuro que, já não sendo o que era, não pode mesmo assim ser encarado sem optimismo e sem esperança.
No decurso de século e meio de vida, pouco falta, pelos lados dos bombeiros da Régua viveram-se, como em tudo na vida, momentos mais tristes e mais complicados, mas viveram-se também momentos de alegria e de festa. Quer nuns, quer noutros, nunca mingou a coragem e sempre imperou a dignidade.    
Diz-nos a História que a A. H. B. V. Peso da Régua sempre esteve na vanguarda sem conhecer a inércia ou o comodismo. Instalou-se a sede primeiramente ao cimo da Rua Serpa Pinto, passou-se para a Rampa Dr. Dias, e depois, ia o século XX a meio, deu-se forma ao actual quartel, um dos mais belos e emblemáticos edifícios da cidade reguense. Equipamentos materiais, esses, sempre foram do mais moderno e melhor, para acção que nunca faltou.
Para memória, ficaram-nos os testemunhos de acontecimentos, entre outros, como a enorme derrocada nas Caldas do Moledo em 1904, que destruiu edifícios e arrastou trinta pessoas até às águas do rio Douro, além das inúmeras cheias do rio que nos dá o ser e cujos humores nos habituamos a respeitar com desassombro, pois sabemos com quem podemos contar. Na região duriense, em Lamego, em 1911 e em 1918; em Mesão Frio, em 1916 e em 1957; em Laurentim, em 1929, e noutros locais, sempre os bombeiros da Régua, souberam dar testemunho da sua valentia. Mas também na Régua, como não podia deixar de ser, a sua acção foi de elevada índole e de ímpar brio. Em 1915, aquando da revolta popular que incendiou a repartição das Finanças; em 1919, quando as forças revoltosas e monárquicas incendiaram o edifício do Asilo José Vasques Osório; em 1937, no terrível incêndio que lavrou no edifício da Câmara Municipal; em 1956, quando foram consumidos os armazéns de uma firma de vinho do Porto na Avenida Dr. Manuel Arriaga, e em 1953, quando ardeu por completo o empório de secos e molhados “Casa Viúva Lopes”, e em cujo combate pereceu o bombeiro João Figueiredo, conhecido por João dos Óculos.       
Para a história dos momentos grandiosos, ficou a organização, em 1980, do 24º. Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses, que trouxe à Régua milhares de bombeiros e dirigentes, à semelhança do que sucedeu recentemente em 28 a 30 de  Outubro de 2011.

Ser bombeiro é, pois, um sonho de qualquer criança. Mas ser bombeiro da Régua será inquestionavelmente um motivo de orgulho de todo o adulto que, mesmo não envergando tão distinto uniforme, bem pode ver-se como elemento de tão altruísta associação cívica.      

Manuel Igreja 

(Re)Conhecer a Régua-119


Onde me perco...

Foto: josé alfredo almeida


Amanhecer em ti é anoitecer
e tecer na noite o que só a lua consegue
Nos recantos onde só os montes e os rios e os lagos têm nome
no subir infindavél das horas que aqui passam de maneira diferente
E é em ti óh manhã que me nasço
e que me perco e que me acho...
e ao olhar-te o novo dia tem outro sentido
o de que aqui vim e aqui quis voltar
o de que por ti me apaixonei
porque nos teus montes me encontrei
Na aurora de agora e porque me és
e de ti vim e em ti hei-de ficar
perpetua-te óh Douro no mapa em que estás
e leva-me ao anoitecer deste amanhecer
para lá dos montes em que me vi enternecer

Dúlia Soares

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Filho da terra

Foto: josé alfredo almeida


  "Cumpre a quem escreve ser filho da sua terra e ir deitando ao papel memórias do tempo."


 João de Araújo Correia

Encontros com João de Araújo Correia





                      "Apontamento"  de Amadeu Ferreira in Revista Geia, nº3, Setembro de 2013

Ler João de Araújo Correia-10






                         João de Araújo Correia in " Terra Ingrata"

(Re)Conhecer a Régua-117



O General Silveira






Uma Espada de Brilhantes para o General Silveira

Autor: Maria do Carmo Serén
Edição do Governo Civil de Vila Real/CITCEM, 2009



"Falar do Conde de Amarante, aqui no Norte, é convocar as invasões francesas e, com elas, o saque do país, os tesouros enterrados, a ambiguidade do comportamento dos nossos eternos aliados, os ingleses, a decadência do país abandonado pelo poder supremo e roubado na sua legitimidade; ou uma bibliografia intensa e apaixonada que envolve os muitos países tocados pelo imperialismo napoleónico, exigindo o respigamento sistemático ideológico dessas obras.
Na historiografia e na vida, é certo, as invasões napoleónicas tiveram o angustiante valimento de acrescentar justificações alternativas à nossa reafirmada de cadência histórica e a nossa labiríntica  auto-estima.
(...)
Francisco da Silveira nasceu em Canelas do Douro, em casa de fidalgo rural não-apalaçada e o seu filho Manuel nascerá em Vila Real, na Casa da Calçada dos Magalhães e Lacerda que tinham um património que ia até Amarante.
(...)
Foi enterrado na Capela do Espírito Santo em Canelas do Douro, no largo onde tem o seu nome e um busto seu, em bronze.
No regresso da Guerra Peninsular, o país agradecido, através de uma subscrição pública, oferece-lhe uma espada com brilhantes no punho.
Ao morrer, o general não quis qualquer cerimónia especial e pediu para ser enterrado num hábito franciscano.
Era um gesto simbólico e, nas circunstâncias, cheio de significado e orgulho." 

Maria do Carmo Serén

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Regresso

Foto: josé alfredo almeida



Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! Minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!
Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.

Miguel Torga

Gigantes do Douro




O Museu do Douro vai apresentar o filme concerto Gigantes do Douro com “Filho da Mãe”, nos dias 27 e 28 de Junho.

O espetáculo consiste na apresentação do filme “Gigantes do Douro” de André Valentim Almeida realizado para o Museu do Douro em 2014. O filme cruza numa ampla panorâmica vários tempos, géneros fílmicos, histórias, personagens reais e ficcionadas, que retratam os construtores da região do Douro em 100 anos de imagens em movimento. Da construção dos muros ao cultivo da vinha, das vindimas à vinificação, do engarrafamento ao transporte e comércio do Vinho do Porto, acompanhamos o retrato de um grande coletivo humano que se vai sucedendo e cruzando em várias camadas temporais. Estas camadas ligam um tempo marcado por ciclos, mas também tornam visível uma cronologia de profundas alterações da paisagem, que ganha contornos épicos nas descidas de barcos rabelos pelo rio Douro, na construção do caminhos de ferro, na construção das barragens e na impressão dos vinhedos nas montanhas.

Para o filme “Filho da Mãe”, nome de palco de Rui Carvalho, compôs uma banda sonora original que exponencia o poder das as imagens e cria uma atmosfera profundamente emocionante. 

O cine-concerto de dia 27 de junho irá realizar-se no Largo General Claudino (Largo da Igreja) em Torre de Moncorvo pelas 22h00.
O cine-concerto de dia 28 de Junho irá realizar-se no Cais do Pinhão pelas 22h30.